Esconjuro é o ato de amaldiçoar alguém, através da evocação de palavras específicas ou de um ritual de feitiço ou encantamento. O objetivo de quem pratica o esconjuro é, principalmente, interferir no destino alheio, provocando o mal. Algumas culturas acreditam, inclusive, que essa maldição pode ser passada de pai para filho, se perpetuando por gerações.
No livro Esconjuro, de Giselle Melo, editora Autografia, as personagens Rosa e Catarina, mãe e filha, convivem com uma terrível maldição. Proveniente de uma família tradicional cigana, Rosa abandonou sua casa, ainda jovem, para viver um grande amor, muito à contra-gosto de seu pai, o sr. Cláudio, que lhe amaldiçoou a ter que fugir eternamente de um constante revés que se manifesta durante as tempestades.
Como não poderia ser diferente, o mesmo sofrimento recaiu sobre Catarina e ambas seguiam uma vida imprevisível e solitária, tentando, a todo custo, escapar do perigo e esconder de todos sua triste sina.
A história é envolvente. Sua narrativa segue, ora em primeira pessoa, ora em terceira pessoa, alternando, também, entre o presente e o passado, conferindo um tom dinâmico à trama.
Desde o início da história somos impelidos a nos apiedar do destino das duas mulheres, torcendo para que consigam se livrar. Mas seria possível quebrar uma maldição que perdura por tantos anos?
Sobre a autora:
Gisele Melo é neurocientista e psicóloga com especialização em crianças e adolescentes. Sempre foi apaixonada pela leitura. Esconjuro é o seu primeiro romance publicado, cuja inspiração surgiu enquanto caminhava pela areia da praia.
Trecho do livro:
“O tempo não espera. Um canto anunciou a chegada do vento.
— Alícia, fique calma. Vou fechar a porta e ficaremos seguras. Não tenha medo.
— Do que se trata tamanha inquietação? É só uma chuvinha, Catarina!
— O vento está chegando. Céu pesado.
— Você tem medo de vento e tempestades? Se acalme! Há de passar logo.
Nesse instante, a Ventosidade adentra moradia. Abrindo armários, investigando móveis, sacudindo paredes. Som estridente. Intensa leviandade.
Alícia medrou.
— O que é isso? Terremoto? Vento que atravessa a porta, inspeciona cama e armário?
— Estou aqui, amiga. Nada há de acontecer. Confie em mim. Já vai passar."
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